Guardo as tardes de outubro
e um poema para ler amanhã.
Cedo,
o sol se esconde
atrás dos laranjais.
As andorinhas pousam,
alegram o céu e as árvores.
Aguçam a memória dos casarões,
ouvem os sinos das igrejas
antes de ouvirmos Ave-Maria.
Estrelas cadentes nascem,
deslizam, colorem horizontes.
As moças decifram sonhos,
leem as mãos dos poetas.
São eternas
as fotografias
da alma.
Ouço movimentos:
pedras passos raízes
crianças árvores.
Relógios marcam 30°.,
mesas decoram as ruas,
invadem as calçadas;
ao redor, olhares em círculos
expressam contidos desejos.
Nas sombras dos muros,
rapazes erguem os braços.
Medrosos,
ouvem zumbis tatuados;
sôfregos, fogem da luz.
Na memória,a cidade se movimenta,
esquenta a temperatura das cores.
Mais horas são necessárias
para o trabalho das tardes.
Pensam os homens nas festas
que o tempo ainda não desenhou.
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